Cenário atual

Neste artigo, abordaremos a qualidade do pavimento das rodovias brasileiras. Veremos como ela impacta o planejamento estratégico e de custos da cadeia de suprimentos. Isso torna os modelos de otimização mais realistas.

A qualidade da malha rodoviária brasileira é baixa. Dos quase 2 milhões de quilômetros, apenas 200 mil são pavimentados, ou seja, 12% da extensão total.

A pesquisa sobre a qualidade das rodovias, atualizada anualmente pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) avaliou em 2019 mais de 108 mil quilômetros de rodovias, sendo que mais de 50% dessa extensão apresentou algum tipo de irregularidade.

Se compararmos com a extensão de malha rodoviária estado-unidense, esses dados são ainda mais impressionantes: nos Estados Unidos, dos mais de 6 milhões de quilômetros de rodovias, 59% são pavimentados.

E com relação à qualidade do pavimento propriamente dito, sabemos a partir dos dados da Federal Highway Administration, que de toda extensão de rodovias principais do país, apenas 19% precisam de algum tipo de reparação.

Custos no processo de desenho de malha

Como já discutimos em outro artigo, durante o processo geral de desenho de redes logísticas, um dos principais desafios é estimar adequadamente os custos de todas as possíveis operações a serem avaliadas. Isso inclui estimar custos de transporte entre pontos em que atualmente não existem instalações logísticas.

Por isso, quando formos planejar a nossa malha logística temos sempre que levar em consideração a qualidade do pavimento. Não podemos simplesmente nos basear em tabelas gerais (como a tabela de fretes mínimos, por exemplo), ou considerar uma única regra de custeio básica (R$/km) para toda a operação. É necessário ponderar todos os principais fatores que influenciam os custos de transporte; e no Brasil, a qualidade do pavimento é um desses fatores.

Influência da qualidade do pavimento nos custos de transporte

A qualidade do pavimento, de fato, influencia os custos de transporte de várias maneiras.

Quando, por exemplo, o pavimento encontra-se em mal estado de conservação, com rugosidade acentuada, falhas e buracos, os veículos precisam viajar a uma velocidade reduzida. Como resultado, a utilização de mais veículos se torna necessária para transportar a mesma carga.

Outro fator relevante é o aumento do consumo de combustível. Rodovias em condições inadequadas forçam os veículos a reduzir e retomar a velocidade de cruzeiro várias vezes, impactando diretamente a eficiência dos veículos. Além disso, elas prejudicam o meio ambiente, aumentando a emissão de poluentes.

Ademais, com o pavimento em condições piores, os custos com manutenção de veículos e reposição de pneus aumentam, pois esses componentes sofrem maior desgaste conforme o pavimento piora.

Portanto, estudos sobre o tema se tornam cada vez mais necessários. Philip Bodeli, por exemplo, avaliou o impacto da rugosidade do pavimento nos custos operacionais de veículos de carga. Os principais resultados do estudo aparecem no gráfico abaixo.

Impactos da qualidade do pavimento nos custos operacionais de veículos de carga

Fonte: Adaptado de Bodeli (1997)

 

Para um caminhão pesado, o custo operacional dobra ao passar de um estado de conservação ótimo para um péssimo.

Por exemplo, se um caminhão tem um custo básico de 1 real por km e percorre 10.000 km por mês em rodovias com pavimento péssimo, o custo extra será de 15 mil reais por veículo.

Resultado do mapeamento do impacto da qualidade do pavimento

Isso, portanto, demonstra claramente como a qualidade da superfície impacta diretamente os custos operacionais dos veículos. Assim, ela deve ser considerada, juntamente com os custos de pedágios e outros custos que frequentemente são negligenciados no planejamento das operações.

Para aplicar esse conceito na prática, a INPO mapeou todas as rodovias federais e estaduais do país, avaliadas na Pesquisa de Rodovias da CNT, classificando-as para uso nos modelos de custos.

O resultado desse mapeamento aparece na figura abaixo. Esse conjunto de dados georreferenciados permite calcular, para cada viagem planejada, a distância percorrida em cada tipo de pavimento. A classificação dos pavimentos segue a da CNT, que utiliza cinco níveis: Péssimo, Ruim, Regular, Bom e Ótimo.

Estado de conservação da malha rodoviária do Brasil

Assim, os custos estimados para cada viagem são mais precisos, o que torna os modelos de otimização mais aderentes à realidade. Além disso, se tornando efetivamente “Digital Twins” da operação real. As minúcias e técnicas utilizadas na construção dos modelos de custos serão ainda discutidos nos próximos artigos. Então não deixe de acompanhar nossa página no LinkedIn para ficar por dentro das novidades.

Você sabia que e a qualidade do pavimento podia impactar tanto os custos de transporte? Entre em contato com a gente! Escreva o nome da sua cidade ou região se você gostaria de saber qual é o seu estado de conservação médio do pavimento!

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